sábado, 29 de dezembro de 2012

ALGUMAS RETROSPECTIVAS E EXPECTATIVAS


Professor Gelcimar da Silva Pereira Nunes
INTRODUÇÃO

Agora fico a espreita das novidades que vão surgir como ritual de encerramento do ano. Parte desses rituais, senão a maioria, está revestida da superstição – crendices de natureza duvidosa, lançadas como aposta da expectativa de sucesso e inibidores de frustrações. Não acredito nesses rituais embora leia os jornais em busca uma explicação empírica para tamanha atenção a essa rotina mal fadada de sortilégios. Não sei por que as mídias insistem em dar voz aos enganosos arautos que escondem suas previsões em palavras subordinadas: “pode acontecer”, “há possibilidade de” e não se fixam em informações tácitas. Nada eles afirmam com convicção. É tudo especulação, mas, mesmo assim, a mídia dá voz a esses imbecis apesar dos grotescos erros de previsão.
MINHAS RETROSPECTIVAS
Vejo com indiferença as previsões, publicadas em jornais de grande circulação, que anunciam sorte e desastres para pessoas famosas e até mesmo para o país. Fico impressionado como essas previsões tem tanta credibilidade nos meios de comunicação que advogam a laicidade do Estado nos confrontos diretos com os religiosos cristãos. Parecem-me que praticam a conveniência ou simpatia pelas vertentes religiosas mais liberais a devassidão da sociedade.
Alguns rituais são cultivados no momento do réveillon quando algumas pessoas resolvem pular sete ondas, fazer preces a entidades, vestir lingerie específico e comer determinada comida ensejando sorte no ano vindouro. Essas práticas remetem ao animismo; ou seja, são práticas que intentam influenciar os deuses ou mudar o curso da natureza. Contudo, se acreditamos em Deus, sabemos que nada mudará seus desígnios nem mesmo com todos os rituais do mundo. Também, são nossas ações que apontam o futuro e indicam o resultado que iremos obter.
Em busca de algo mais racional, lembrei-me da retrospectiva idealizada pelo Dr. Mario Sergio Cortella, filósofo, teólogo, mestre e doutor em Educação pela Pontifica Universidade Católica - PUC de São Paulo. Ele propõe relacionar todos os erros e acertos no decorrer do ano e, a partir das enumerações, empenhar-se a modificar hábitos e comportamentos para não repetir os mesmo erros cometidos ao longo do ano. Dificilmente alguém vai pegar uma folha de papel dividi-la ao meio e escrever o que deu certo e o que deu errado e, depois, no seu verso, escrever de um lado “não vou mais fazer...” e, no outro lado, escrever “vou me empenhar para fazer...”, relacionando cada item. Essa prática remete à reflexão e a tomada de decisão, mas nem todos estão propensos a fazer.
A fórmula da perspectiva não tem o caráter alienante, é analista e realista ao mesmo tempo e convida-nos a uma tomada de decisão. Gosto dessa análise por que ela não nos coloca em posição passiva diante do amanhã que descortinará diante dos nossos olhos. Por outro lado, conclama-nos a responsabilidade nas decisões para fazer o próximo ano com as conquistas que almejamos e não ficarmos, simplesmente, ensejando sorte no amor, nas finanças, etc. Como sabemos a vida é marcada por resoluções e é preciso cultivar a coragem para mudar, de cuidar da nossa saúde e empenhar-se para o equilíbrio nas finanças. Portanto, convém evitar a sedução do consumismo, uma vida desregrada e cultivarmos relacionamentos sadios.
Ao final de cada ano, gosto das mensagens de otimismo recebidas onde o ano vindouro se reveste do belo com as áureas bênçãos do Eterno. Tenho armazenado vários slides, inclusive aquele que eu gosto muito: “A partir do próximo amanhecer”.  Fico feliz pelas expectativas de as pessoas fazer diferenças no próximo ano. São iniciativas contagiadas pelo ambiente da fraternidade e dos excessos do Natal. Contudo, nos primeiros meses, rompe-se a realidade dos desafios do ano e, a exemplo do anterior, algumas pessoas ficam apreensivas e dizem: “esse ano vai ser difícil”.
Agora, nesse cenário de crise econômica mundial que persiste há 03 anos, tem pessoas preocupadas com o emprego, com as finanças da empresa e com a manutenção do status quo. Alguns analisam que esse ano foi difícil e o resultado ficou abaixo das expectativas e que o próximo ano está envolto de incertezas. Claro, o futuro imediato e o distante não existem de forma clara diante dos nossos olhos, pois está sendo construído agora.
O que estamos colhendo foi plantado no passado com o conhecimento e a ignorância de gerações anteriores: aquecimento global, crise econômica, guerra, etc. Se persistir a prática dos mesmos erros, como está acontecendo, estaremos caminhando conforme as expectativas pessimistas dos cientistas da natureza. Eles reconhecem que a humanidade tem recebido preço alto por causa da ganância, razão do imenso abismo entre ricos e pobres, guerras, fome, moléstias e calamidades naturais. Consideram que os efeitos são inevitáveis e que a terra será um planeta inabitável se alguma providência não for tomada. Agora, alguns setores perceberam que a questão é séria. Não se trata de uma gritaria infame dos ecologistas e dos críticos dos males do capitalismo e da globalização; que é necessária a utilização racional dos recursos naturais e ter responsabilidade solidária e compromisso com o resgate social das pessoais que vivem realidades de exclusão.
MINHAS EXPECTATIVAS
Apesar de todas as expectativas de infortúnio, sou otimista e determinado a superar desafios. Quero estar de alma lavada e espírito renovado para lidar com as dificuldades e empenhar-se para vencê-las. Considero a disciplina um dos recursos mais eficientes para as grandes conquistas, pois sem planejamento, respeito às regras e às pessoas ficamos a mercê dos nossos impulsos e não tomamos decisões certas. Às vezes uma decisão errada muda o curso da vida e suas consequências acompanham a pessoa até o final dos seus dias. Portanto, fico muito atento às situações que podem comprometer a vida moral e aquelas que atentam contra a família, a vida social e profissional.  Por isso, sempre me lembro de um conselho recebido: “o homem que perdeu a sua moral e a sua dignidade, perdeu tudo”. Essa é a razão por que sou seletivo em fazer amizades. Prefiro ter poucos amigos que sejam verdadeiros do que estar cercado de bajuladores.
Esse é motivo pelo qual acredito que o novo ano será o espelho das minhas alegrias e das minhas frustrações, mas tudo depende das decisões a que vier tomar: certas ou erradas. Claro, sou responsável pelos meus atos e por eles sou cobrado na consciência e pelas pessoas que convivo. Mas, sobretudo, desenho um cenário de realizações, com vigores mental e físico, não se curvando diante das circunstâncias e envolvido de fé e de esperança. Assim, quero acordar no novo dia com a serenidade de um menino com o brilho nos olhos e com essa força para vencer.
CONCLUSÃO
Agora é o momento de encerrar o ano com agradecimentos: a Deus, a família e aos amigos que sempre estiveram do nosso lado em todos os momentos. Aprendi a ser agradecido em tudo e a reconhecer os meus limites. Não conseguiria fazer quase que imaginei sozinho. Precisei da força do Eterno e da solidariedade de pessoas próximas que me iluminaram com o seu afeto e atenção. Enfim que o próximo ano, atenda as nossas expectativas de sucesso e de vitórias.
BIBLIOGRAFIA
Vou recomendar a leitura do livro:
LOPES, Hernandes Dias. Voando nas Alturas: dez princípios para uma vida bem sucedida. São Paulo, Editora Candeia, 1996.