Professor Gelcimar da
Silva Pereira Nunes
INTRODUÇÃO
Agora fico a espreita das novidades
que vão surgir como ritual de encerramento do ano. Parte desses rituais, senão a
maioria, está revestida da superstição – crendices de natureza duvidosa,
lançadas como aposta da expectativa de sucesso e inibidores de frustrações. Não
acredito nesses rituais embora leia os jornais em busca uma explicação
empírica para tamanha atenção a essa rotina mal fadada de sortilégios. Não sei por que as mídias insistem
em dar voz aos enganosos arautos que escondem suas previsões em palavras
subordinadas: “pode acontecer”, “há possibilidade de” e não se fixam em
informações tácitas. Nada eles afirmam com convicção. É tudo
especulação, mas, mesmo assim, a mídia dá voz a esses imbecis apesar dos grotescos erros de
previsão.
MINHAS RETROSPECTIVAS
Vejo com indiferença as previsões, publicadas em jornais de grande circulação, que anunciam sorte e
desastres para pessoas famosas e até mesmo para o país. Fico impressionado
como essas previsões tem tanta credibilidade nos meios de comunicação que
advogam a laicidade do Estado nos confrontos diretos com os religiosos
cristãos. Parecem-me que praticam a conveniência ou simpatia pelas
vertentes religiosas mais liberais a devassidão da sociedade.
Alguns rituais são cultivados no
momento do réveillon quando algumas pessoas resolvem pular sete ondas, fazer preces a entidades, vestir lingerie
específico e comer determinada comida ensejando sorte no ano vindouro. Essas
práticas remetem ao animismo; ou seja, são práticas que intentam influenciar os
deuses ou mudar o curso da natureza. Contudo, se acreditamos em Deus, sabemos que nada
mudará seus desígnios nem mesmo com todos os rituais do mundo. Também, são
nossas ações que apontam o futuro e indicam o resultado que iremos obter.
Em busca de algo mais racional,
lembrei-me da retrospectiva idealizada pelo Dr. Mario Sergio Cortella,
filósofo, teólogo, mestre e doutor em Educação pela Pontifica Universidade
Católica - PUC de São Paulo. Ele propõe relacionar todos os erros e acertos no
decorrer do ano e, a partir das enumerações, empenhar-se a modificar hábitos e
comportamentos para não repetir os mesmo erros cometidos ao longo do ano. Dificilmente alguém vai pegar
uma folha de papel dividi-la ao meio e escrever o que deu certo e o que deu
errado e, depois, no seu verso, escrever de um lado “não vou mais fazer...” e,
no outro lado, escrever “vou me empenhar para fazer...”, relacionando cada
item. Essa prática remete à reflexão e a tomada de decisão, mas nem todos estão
propensos a fazer.
A fórmula da perspectiva não tem o
caráter alienante, é analista e realista ao mesmo tempo e convida-nos a uma
tomada de decisão. Gosto dessa análise por que ela não nos coloca em posição
passiva diante do amanhã que descortinará diante dos nossos olhos. Por outro
lado, conclama-nos a responsabilidade nas decisões para fazer o próximo ano com
as conquistas que almejamos e não ficarmos, simplesmente, ensejando sorte no amor, nas
finanças, etc. Como sabemos a vida é marcada por resoluções e é preciso cultivar a
coragem para mudar, de cuidar da nossa saúde e empenhar-se para o equilíbrio
nas finanças. Portanto, convém evitar a sedução do consumismo, uma vida
desregrada e cultivarmos relacionamentos sadios.
Ao final de cada ano, gosto das
mensagens de otimismo recebidas onde o ano vindouro se reveste do belo com as
áureas bênçãos do Eterno. Tenho armazenado vários slides, inclusive aquele que
eu gosto muito: “A partir do próximo amanhecer”. Fico feliz pelas expectativas de as pessoas
fazer diferenças no próximo ano. São iniciativas contagiadas pelo ambiente da
fraternidade e dos excessos do Natal. Contudo, nos primeiros meses, rompe-se a
realidade dos desafios do ano e, a exemplo do anterior, algumas pessoas ficam
apreensivas e dizem: “esse ano vai ser difícil”.
Agora, nesse cenário de crise econômica
mundial que persiste há 03 anos, tem pessoas preocupadas com o emprego, com as
finanças da empresa e com a manutenção do status quo. Alguns analisam que esse ano
foi difícil e o resultado ficou abaixo das expectativas e que o próximo ano
está envolto de incertezas. Claro, o futuro imediato e o distante não existem
de forma clara diante dos nossos olhos, pois está sendo construído agora.
O que
estamos colhendo foi plantado no passado com o conhecimento e a ignorância de
gerações anteriores: aquecimento global, crise econômica, guerra, etc. Se
persistir a prática dos mesmos erros, como está acontecendo, estaremos caminhando
conforme as expectativas pessimistas dos cientistas da natureza. Eles
reconhecem que a humanidade tem recebido preço alto por causa da ganância,
razão do imenso abismo entre ricos e pobres, guerras, fome, moléstias e
calamidades naturais. Consideram que os efeitos são inevitáveis e que a terra
será um planeta inabitável se alguma providência não for tomada. Agora, alguns
setores perceberam que a questão é séria. Não se trata de uma gritaria infame
dos ecologistas e dos críticos dos males do capitalismo e da globalização; que
é necessária a utilização racional dos recursos naturais e ter responsabilidade
solidária e compromisso com o resgate social das pessoais que vivem realidades
de exclusão.
MINHAS EXPECTATIVAS
Apesar de todas as expectativas de infortúnio,
sou otimista e determinado a superar desafios. Quero estar de alma lavada e
espírito renovado para lidar com as dificuldades e empenhar-se para vencê-las.
Considero a disciplina um dos recursos mais eficientes para as grandes conquistas,
pois sem planejamento, respeito às regras e às pessoas ficamos a mercê dos
nossos impulsos e não tomamos decisões certas. Às vezes uma decisão errada muda
o curso da vida e suas consequências acompanham a pessoa até o final dos seus
dias. Portanto, fico muito atento às situações que podem comprometer a vida
moral e aquelas que atentam contra a família, a vida social e profissional. Por isso, sempre me lembro de um conselho
recebido: “o homem que perdeu a sua moral e a sua dignidade, perdeu tudo”. Essa
é a razão por que sou seletivo em fazer amizades. Prefiro ter poucos amigos que
sejam verdadeiros do que estar cercado de bajuladores.
Esse é motivo pelo qual acredito que o
novo ano será o espelho das minhas alegrias e das minhas frustrações, mas tudo
depende das decisões a que vier tomar: certas ou erradas. Claro, sou
responsável pelos meus atos e por eles sou cobrado na consciência e pelas
pessoas que convivo. Mas, sobretudo, desenho um cenário de realizações, com vigores
mental e físico, não se curvando diante das circunstâncias e envolvido de fé e
de esperança. Assim, quero acordar no novo dia com a serenidade de um menino
com o brilho nos olhos e com essa força para vencer.
CONCLUSÃO
Agora é o momento de encerrar o ano
com agradecimentos: a Deus, a família e aos amigos que sempre estiveram do
nosso lado em todos os momentos. Aprendi a ser agradecido em tudo e a
reconhecer os meus limites. Não conseguiria fazer quase que imaginei sozinho.
Precisei da força do Eterno e da solidariedade de pessoas próximas que me
iluminaram com o seu afeto e atenção. Enfim que o próximo ano, atenda as nossas
expectativas de sucesso e de vitórias.
BIBLIOGRAFIA
Vou recomendar a leitura do livro:
LOPES, Hernandes Dias. Voando nas Alturas: dez princípios para
uma vida bem sucedida. São Paulo, Editora Candeia, 1996.