Professor Gelcimar da Silva Pereira Nunes
INTRODUÇÃO
Na sublimidade do silêncio, busco a
inspiração para compor a poesia no ritmo das batidas do coração. Sou convidado
a adentrar no mundo das ideias e colher os favos de sabedoria plantados no
átrio espiritual do Eterno. Claro, do silêncio busco a renovação das forças
cujas energias foram empregadas no serviço ao próximo. Essa renovação é fugaz e
expressa a própria necessidade do ser de drenar sua ansiedade quanto as
expectativas de ser o próximo alvo da solidariedade orgânica. Então a reciprocidade
dá-nos a sensação de que seremos recompensados em toda boa obra; que nossas
virtudes serão louvadas e os nossos defeitos esquecidos.
EXPECTATIVAS
O desenho da realidade é belo no
universo dos nossos sonhos e gostaríamos de vivê-la na integralidade da realidade.
Mas, as pessoas que nos cercam confrontam em nós as expectativas de um mundo
perfeito. O mundo ideal é reclamado no universo dos direitos e nem todos não
aceitam as agruras como estágio de aperfeiçoamento do ser humano. Reclamam por
atalhos e pelo produto pronto sem defeitos. A realidade fast foot expôs as tragédias da velocidade da rotina dos
indivíduos, plastificada, mecânica e fetichizada.
Não há tempo para pensar, para ler e refletir, pois o mais importante é o
resultado e não o processo.
Creio que a beleza das palavras está
decorada na sublimidade da verdade. Não quero presentear a beleza com
ingredientes da falsa consciência. A ilusão do elogio está na fragilidade da
segurança que ele traduz. A fé da boa qualidade da índole e das intenções não
introduz ninguém no universo das mudanças. A expectativa é que faz as coisas
melhorarem, embora nem sempre mudar signifique que as coisas melhorem.
Nossas expectativas são sonhos
desenhados com sentimentos carregados de otimismo. Essas pérolas de esperança fazem
da verdade a tábula da certeza de que o universo se revestiu da perfeição para
atender as nossas preces. Então percebemos que estamos adentrando em uma seara
perigosa. E se as nossas expectativas de perfeição forem frustradas? Então só
nos restarão a ira, o desânimo e a autocomiseração?
Folgo na verdade pela convicção do
seu conteúdo ético não apenas como arma de defesa da insegurança. A verdade não
pode ser falsificada pelo medo para ser uma arma nas mãos dos iníquos. Sei,
porém, que cada um busca justificar suas posições políticas-racionais com o
argumento de verdade. Essa sanha egocêntrica cria polos de divergência, imprime
dúvidas e falsifica as certezas. Claro, as pessoas anseiam que suas posições
individualistas prevaleçam sobre as demais para o bem estar de suas convicções
e para reafirmar supremacia. Não gosto desse conceito de supremacia embrulhado
com requintes de competição. Essa ilusão de liderança que estabelece diferenças
entre fracos e os mais adaptados. Creio que a liderança deve estar enlaçada no
compromisso de inspirar pessoas sem a conotação de domínio. Assim, a luz da
verdade das ações das pessoas excelentes são marcas rochosas que não podem ser
apagadas com o silêncio da morte. São vozes reproduzidas no legado das
gerações.
O silêncio dos puros sonega, às
vezes, atitudes de altruísmo contra as injustiças. A verdade roga por arautos
humanos assim como a terra seca anseia pela chuva. Isto mesmo, a verdade quando
chega planta a semente da justiça e, ao mesmo tempo, sangra as contradições do
engano para estabelecer-se de forma triunfante. Quando a verdade se estabelece
pela contradição, vejo na melodia do pranto abrir as oportunidades de um arrependimento
sincero.
MEU ENTUSIASMO
Meu entusiasmo, foca em todas as
possibilidades de transformação do ser humano pelo resgate da sensibilidade que
foi perdida pela ilusão do ego e do materialismo. Inevitavelmente, somos vítimas
do ego ferido porque deixamos a ilusória satisfação do individualismo e do
materialismo nos corromper. Creio que as nossas virtudes nos fazem mais
excelentes do que os demais homens e até mesmo a pretensa humildade entra na
cota elementar da nossa satisfação. Mas, a nossa importância está no mesmo
limite da nossa insignificância, pois todos os homens foram colocados no mesmo
centro do universo. Então, as motivações das injustiças estão plantadas no
coração humano que foi corrompido pelo materialismo das relações pessoais, com
requintes de individualismo dominador e orgulhoso.
Agora sei que a minha defesa de fé
está nas convicções de que a vida não é um produto pessoal, mas um usufruto coletivo.
Fomos plantados na história a partir de um propósito de utilidade. A vida não foi
um acidente que nos introduziu na existência. Aliás, existe uma diferença entre
viver e existir. Alguém pode viver a vida do seu jeito sem entender nada. Viver
como se fosse um animal dentro de um ciclo biológico ou simplesmente pensando
em experimentar até a última gota de prazer antes que chegue a tragédia da
morte. A existência convida a desfrutar a vida com significado. É introduzir-se
na consciência espiritual que nos faz vigorosos na fé e na esperança, apesar
das conflituosas relações humanas existentes na sociedade. A existência faz as
pessoas serem sócias de outros homens e mulheres nesse imenso ecossistema.
Claro, a existência pressupõe uma solidariedade orgânica entre pessoas e isso
vai além de uma simples especulação filosófica. A existência revela o ser na
sua integralidade com a sua essência espiritual: sentimento, inteligência e
vontade. É o homem revestido da sua consciência moral e de sua origem gregária.
Ou seja, uma vida atrelada a uma consciência social de promoção do bem-estar
dos demais seres humanos.
Minha vivência traz as expectações
das alegrias e frustrações da convivência humanas. Aliás, a convivência social
é carregada de emoções. Assim, partilhamos as fraquezas da carne que extravasam
nas palavras não calculadas, traídas pela impulsividade do espírito. Não
poderemos reclamar a perfeição como algo absoluto, mas poderemos experimentar o
aperfeiçoamento progressivo que nos faz homens e mulheres maduros, em desenvolvimento
pleno enquanto pessoa. Sou forjado a partir dessas experiências que humanizam e
me revestem de sensibilidade para olhar o outro com o sentimento da própria
carne. Essa vazão do sentimento é capaz de produzir uma gota ardente no olhar:
a lágrima. A lágrima é a prova mais evidente das emoções que explodem nos
momentos irremediáveis dos infortúnios. Ela revela a nossa mais nobre fraqueza;
faz o coração de carne se romper e força os mais corajosos a retroceder o seu
espírito belicoso. Se bem que a lágrima, às vezes, é traiçoeira como laço de
trapaça a espera dos incautos. Porém, a palavra da sabedoria adorna com a
verdade a sala de estar do coração e descortina todo o engano e até o mesmo o
fetiche da lágrima.
A verdade está tão perto e distante
de mim. Ela se revestiu das virtudes divinas e anseia por ser desejada,
buscada. Mas por que ela não se corrompe pela tutela das definições
científicas? Existe alguém que disse que a verdade deve experimentada, provada,
experimentada e percebida pelos órgãos dos sentidos. Seria o resultado da
experiência e tão simples a ponto de ser materializada? Hoje, a verdade está sendo lançada na arena
do contraditório, perdida no julgamento de teses, por um método racional pelo
qual o julgamento moral está força dos argumentos do que na sublimidade dos
princípios. No duelo de palavras, há quem fragmente a verdade, aprisionando-a
nos pressupostos da subjetividade. Agora, fala-se em verdades, extraindo a
objetividade e sua singularidade. Parece ser a aposta mais conveniente para o
individualismo no qual todos estão certos e, ao mesmo tempo, todos estão
errados. Assim, cada um carrega debaixo
do braço sua verdade e a arma de defesa mais usada é: “cada cabeça, uma sentença”.
A renúncia da objetividade faz que os
valores sejam relativos e suscita o questionamento ao modelo de sociedade
objetivo e conservador. A diversidade desprovida de unidade de consenso faz com
que até mesmo o crime seja repensado pela subjetividade. Isso leva a
relativização da culpa e a marginalização passa ser considerada, por
determinadas bandeiras sociais, uma consequência e não uma causa em si mesma.
Colocar o criminoso como vítima de um sistema social desigual é o argumento
mais estúpido da corrente pós-modernista que abraça a subjetividade até as
últimas consequências. Por isso, a reversão dos direitos humanos vê no meliante
uma vítima a ser protegida do Estado opressor. A marginalização do Estado é a
teoria mais insana de determinados militantes políticos. A inversão de valores
é pressuposto da injustiça social que sufoca a ousadia dos homens piedosos,
temerosos da criminalização de suas posições contra o erro e o engano.
Então quero estar adornado com
pérolas da sabedoria. Não quero ser o inteligente, o culto, o mestre ou doutor
em ciências e até mesmo perito em teorias sociais. O mundo está cheio de mestres
e doutores e, ao mesmo tempo, carente de sábios. O saber acadêmico é vital para
o modelo econômico capitalista e faz diferença em um mundo competitivo.
Para alguns peritos em teorias, a
brutalidade e a delinquência é produto da ignorância; que a educação é o
caminho para a formação de gerações conscientes e mais humanas. Seus argumentos
consideram que a desigualdade social é o reflexo das injustiças históricas que
embrutece a nossa sociedade.
Creio que a pobreza não exime ninguém
da cultura moral mais excelente que cultuavam os nossos avós. Eles
cumprimentavam as pessoas no trânsito diário com a simplicidade da amizade e do
respeito. Sabiam o tempo e as estações, julgavam as pessoas pelo caráter e não
pela aparência. Cultuavam a hospitalidade e a misericórdia como bondade
praticada a um parente mais próximo. Eles produziam no presente a esperança
como semente de um fruto saboroso a ser colhido na posteridade. Detestavam a
velocidade dos compromissos e o tempo para o trabalho estava marcado para o
nascer e o pôr-do-sol. Assim tinham
conhecimento da mais nobre de todas as Leis: a “Lei da Natureza”, também
conhecida como a “Lei da Semeadura”, cuja máxima é: “tudo tem o seu próprio
tempo”.
CONCLUSÃO
Por isto gosto da sabedoria por que ela enleva o espírito e enobrece o caráter. Ela está presente nas palavras de conselho que nos ajudam a evitar o mal e a praticar o bem. Protege-nos dos modismos, mesmo que ampla maioria siga princípios contraditórios como se fosse a última verdade do universo. A sabedoria nos ajuda a fortalecer as nossas convicções de justiça, de respeito ao próximo e a amar a verdade acima de todas as coisas. Sobretudo, ajuda a compreender a vida como uma dádiva recebida do Eterno e compartilhada com todos na Terra dos Viventes.
REFERÊNCIAS
Vou apenas recomendar a leitura de
alguns livros:
BRIZOTTI, Alan. Identidade Cristã:
resgatando a verdadeira identidade cristã. Goiânia: Primícias, 2012.
CURY. Augusto. Os segredos do
Pai-Nosso. A solidão de Deus: um estudo psicológico da oração mais conhecida no
mundo. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
CHALITA, Gabriel. Educação: A solução está no afeto. Rio
de Janeiro: Editora da Gente, 2001.