
Professor Gelcimar da Silva Pereira Nunes
O Brasil tem a sua diversidade racial, religiosa e cultural, entre outras, como uma das marcas da nação. Neste sentido, observamos diferentes linguagens, modos de falar e costumes em cada região deste país, que tem dimensões continentais. A beleza da miscigenação mostra a variedade da combinação de raças, formando uma só: o mestiço. Assim, as diferenças dão o tom do colorido no encontro da multidão nas feiras livres, nos shows, nas praias e nos templos; ou seja, somos um só: o povo brasileiro. Por isto, a riqueza cultural do nosso pais está na sua construção etnológica.
Devido a diversidade, não somos iguais, somos diferentes. A diferença contraria a lógica da comparação, pois não existe uma pessoa que seja mais cidadã que a outra ou mais importante. Logo, as formas de comparação: ricos e pobres, cultos e indoutos, brancos e negros, nacional ou estrangeiro são práticas depreciativas que vão contra a ideia de comunidade formada pelo Criador. Por isto, as formações de tribos urbanas e de aristocratas induzem à crença equivocada de que há pessoas inferiores. Ou seja, algumas pessoas teriam sido agraciadas pelos deuses com valiosos dons que lhes tornariam especiais, enquanto que outras seriam classes inferiores: servos. Há algum tempo, convencionou-se que os inteligentes cuidariam do trabalho intelectual e os ignorantes, do trabalho braçal. Dessa lógica, surge a crença de que o trabalho operário é inferior ao do intelectual. Assim, o esnobismo é uma prática fundamentada nessa crença.
Instituída a crença de que há pessoas especiais, surge a proclamação doutrinária da ideologia de domínio. Claro, a ideia platônica é reproduzir nas consciências incautas que os inteligentes (aristocratas) devem exercer o poder sobre os ignorantes. Um dos exemplos é a preferência dos ilustrados nobres pelos cursos superiores com maior valor agregado, pois a licenciaturas foram estigmatizadas como cursos proletários. Posto isto, a ideia exerce um poder de sedução e de convencimento como uma verdade que não se pode contestada pelo seu discipulado nas academias onde ela é multiplicada.
O objetivo da prática da repetição é alcançar maior número de pessoas e produzir a hegemonia da ideia, sufocando a resistência da contestação. Dessa forma, a contestação passa a ser incômoda até se tornar ofensiva e marginal para a maioria embriagada pela convicção. Aliás, a reprodução mecânica elimina o senso crítico, pois a coerção moral está presente nas melhores escolas e universidades.
O objetivo da prática da repetição é alcançar maior número de pessoas e produzir a hegemonia da ideia, sufocando a resistência da contestação. Dessa forma, a contestação passa a ser incômoda até se tornar ofensiva e marginal para a maioria embriagada pela convicção. Aliás, a reprodução mecânica elimina o senso crítico, pois a coerção moral está presente nas melhores escolas e universidades.
Lembro-me que, desde o primeiro ano como universitário, foi induzido a padronização do pensamento marxista pelos professores. Para os mestres da academia o pensamento para ser considerado crítico deveria está fundamentado na dialética marxista, enquanto que as demais referências eram relevadas a citações aligeiradas. Por isto, certa vez, censurei a professora como a seguinte pergunta:
“desde que entrei aqui sinto manipulado a expressar os pensamentos marxistas dos professores. Será que somente os escritos inspirados em Karl Marx é crítico? Onde estão as outras referências? Elas também não críticas? Acho que não estou aprendendo, estou apenas repetindo uma forma de pensar.”
A turma derreteu em aplausos, porque nenhuma das colegas ousaria a tal pergunta. Algum tempo, depois, retornei a mesma universidade para participar de um Colóquio e percebi que nada havia mudado: a excelência do saber não passava de um arremedo de reproduções de pensamentos de esquerda. Para os professores tudo estava errado, a educação, o governo, mas não apresentavam nada de propositivo. Porém, em outro evento, organizado por dirigentes municipais, me foi concedida a oportunidade de conhecer os argumentos da avaliação institucional tanto criticada pelos docentes. Assim, pude comparar os dois olhares sobre o mesmo objeto e tirar as minhas próprias conclusões. Isto que é exercício do senso crítico, quando são lançadas as opções de análise e de julgamento.
“desde que entrei aqui sinto manipulado a expressar os pensamentos marxistas dos professores. Será que somente os escritos inspirados em Karl Marx é crítico? Onde estão as outras referências? Elas também não críticas? Acho que não estou aprendendo, estou apenas repetindo uma forma de pensar.”
A turma derreteu em aplausos, porque nenhuma das colegas ousaria a tal pergunta. Algum tempo, depois, retornei a mesma universidade para participar de um Colóquio e percebi que nada havia mudado: a excelência do saber não passava de um arremedo de reproduções de pensamentos de esquerda. Para os professores tudo estava errado, a educação, o governo, mas não apresentavam nada de propositivo. Porém, em outro evento, organizado por dirigentes municipais, me foi concedida a oportunidade de conhecer os argumentos da avaliação institucional tanto criticada pelos docentes. Assim, pude comparar os dois olhares sobre o mesmo objeto e tirar as minhas próprias conclusões. Isto que é exercício do senso crítico, quando são lançadas as opções de análise e de julgamento.
A tentativa de padronização do pensamento ganha a dimensão de censura a outras formas de pensar por meio da doutrinação do politicamente correto. Aliás, há livros editados orientando o que deve ser falado, o que deve ser evitado, inclusive definindo conceitos, preconceitos e expressões inadequadas. Sobre isto, comentou o trapalhão Manfried Santana, o Dedé: “Depois do politicamente correto até o humor ficou sem graça”.
Quando a Constituição Federal expressa que é livre a manifestação do pensamento sendo vedado o anonimato, estava assegurando a diversidade do pensamento, valorizando os antagonismos e a divergência. Acredito que a divergência é matéria prima do elaborado da síntese de ideias, por mais que absurda pareça ser, desde que não seja motivo para alguém se eximir das obrigações da lei. Quanto a divergência de idéias: o jeito de ser, de gostar, de sonhar e de viver, como já escrevi em um artigo sobre o direito da pessoa ao respeito, se materializa com evidente diálogo sobre a diversidade.
A liberdade de expressão é a célula mater da democracia, permitindo a coexistência de ideologias e estilos de vida e identidades de grupos sociais numerosos ou de minorias. Contudo, a supremacia de um grupo sobre os demais cria desigualdades. Anteriormente, essa supremacia era estabelecida por meio da força. Agora, é firmada por meio de leis de garantia de direitos e punições. Por isto, há grande disputa jurídica entre segmentos, pois a lei passa a ser uma arma nas mãos de uma justiça envelhecida, lenta, cega, surda, manca e que cochila nos braços de hábeis advogados com sua dezena de recursos.
Essa é a razão porque, admiro a liberdade de expressão da democracia americana, pois lá é possível queimar a bandeira e se permite a existência de grupos ideológicos que seriam pária para a nossa sociedade. Como exemplo, a manifestação do pensamento do reverendo Terry Jones não é considerada crime, mesmo que seja odioso no lado oriental do mundo. Aqui no Brasil seria crime por ofender valores religiosos.
Apesar de não haver uma definição clara do que é racismo e homofobia, qualquer palavra ociosa no momento de raiva pode ser indício de um crime. Nesse paradoxo, em algumas delegacias, a denúncia de racismo acaba sendo desqualificada como ofensa moral, devido a sua natureza subjetiva. Por outro lado, até mesmo a crítica ao homossexualismo passa a ser considerado por determinados grupos como homofobia. Dada a ampla e confusa definição, surge a barulhenta reivindicação por leis específicas de criminalização da critica moral e religiosa. Aliás, a ditadura do politicamente correto pretende legitimar-se nos livros e nos regulamentos, colocando em xeque a autenticidade do ser humano. Não é importa mais o livre tribunal da alma, mas a inculcação externa de valores; ou seja, tem que obedecer e respeitar por força da lei mesmo que não queira.
Se a apregoada discriminação de um grupo, ascendente na mídia, influente e presente em todas as esferas de poder é verdadeira, imagino que não seria importante então a exploração de menores, de mulheres, de idosos e a discriminação de negros, nordestinos, estrangeiros (bolivianos e peruanos) que morrem de maus-tratos, violência sexual e abandono. Se isso não é discriminação e violência, porque o enfoque é dado a um só grupo? Não são todos cidadãos? Nesse caso, sou contra a ideologia de privilegiar políticas exclusivas para as chamadas “minorias sexuais”, pois venda os olhares para os demais grupos que realmente sofrem violência neste país.
A padronização do pensamento tem um antagonismo a proposta moral e religiosa. O antagonismo a proposta moral visa tornar consensualmente aceito aquilo que é rejeitado pela maioria, sobre o pretexto da laicidade do Estado. Por outro, o antagonismo a proposta religiosa traz uma ideia de aniquilação de resistência dos grupos religiosos contrários a determinados comportamentos. Caso seja concluído o intento, colocam-se sobre contradição legal os sacramentos religiosos, aniquilando a ortodoxia do pensamento sobre a família e a educação dos filhos.
REFERÊNCIAS
Ao invés de referência convido todos refletir sobre o conceito de ideologia em:
DEMO, Pedro. Introdução à metodologia científica. São Paulo: Atica, 1980.
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