terça-feira, 30 de novembro de 2010

MINHAS TRÊS MÁXIMAS

MINHAS TRÊS MÁXIMAS

Professor Gelcimar da Silva Pereira Nunes
INTRODUÇÃO
Há tempos venho divulgando junto aos amigos algumas ideias que, por sinal, traduzem o senso de responsabilidade com as palavras.  Concordo com o educador Rubem Alves (2005) que as palavras grudam em nós se fosse uma tatuagem e se tornam irremovíveis, sendo adicionadas novas pinturas de palavras a cada momento. Por isto, tenho que o exercício da reflexão proporciona mais consciência dessa realidade, evitando os tropeços mais comuns da palavra.
Para evitar o inesperado, forço o exercício do pensamento até as últimas conseqüências na tentativa obter a consistência lógica, avaliando a coerência, a pertinência e a oportunidade. A coerência é uma alternativa para fugir do contraditório, tornando as idéias e os procedimentos lineares. Isto possibilita uma visão límpida das atitudes e, mesmo que não agrade a todos, a coerência será sempre louvada, pois é mais importante ser autêntico do que politicamente correto.
No exercício do pensamento, considero a pertinência das palavras para além do ponto de vista da aceitação geral. Claro, as palavras devem ser orientadas por um fundamento e um objetivo altruísta a ser alcançado. Doutro modo, prevalecerão sempre interesses mesquinhos de satisfação do próprio ego e de esnobismo ao próximo.
A oportunidade determina a exatidão do tempo: não ser adiantado nem atrasado em comunicar suas necessidades e interesses. Claro, há sempre um clamor pela resposta imediata a uma provocação, amparado no pressuposto da retaliação, pois a agressão em palavras é celebrada como uma intimidação e imposição de respeito.
Diante dessa constatação, construí três máximas para explicar que as minhas palavras estão relacionadas a um contexto reflexivo e subliminar, trazendo no encoberto uma verdade.
PRIMEIRA MÁXIMA: TODAS AS MINHAS BRINCADEIRAS TÊM UM LADO SÉRIO
Ao considerar a seriedade da brincadeira, invoco a responsabilidade da mensagem subliminar que está presente nas piadas, ironias e imitações. Claro, brincadeiras podem encobrir preconceitos, repulsa, esnobismos, podendo ser interpretado como um ato de covardia. Por outro lado, ter consciência da seriedade da brincadeira impõe o bom senso para traduzir nas pessoas o afeto e o respeito. Por isto, busco a disciplina para evitar mensagens subliminares que agrida o próximo.
Costumo dizer que as brincadeiras são recursos lúdicos para entreter pessoas, realçando suas qualidades e possibilidades. Mas, raramente, revelo a alguém a mensagem subliminar de uma metáfora ou ironia que venho a proferir. Aliás, gosto de convidar as pessoas à reflexão sobre a vida, suas motivações e celebrar a amizade.
Outra motivação para a brincadeira é desconstruir sentimento de tristeza e de preocupação e tirar pessoas da meditação dos seus problemas. A realidade hipnótica da crueza da vida deve ser reduzida ao pó, pela serenidade do consolo lúdico. Aliás, a brincadeira pode ser mediação para atenuar dores e trazer pessoas para uma órbita de serenidade, mesmo que isto seja temporário.
Também, quebrar a frieza das relações formais pode contribuir para o estabelecimento a relacionamentos mais estreitos e a construção de confiança e amabilidade, desde que a brincadeira seja um ato comprometido com o bem-estar do próximo.
SEGUNDA MÁXIMA: ESTOU SEMPRE REPETINDO AS MESMAS PALAVRAS
As minhas palavras são de repetição contínua, pois refletem ensaio de um pensamento construído nos momentos de solidão. Aliás, é mais cômodo repetir as mesmas palavras, mesmo que de forma diferente, pois se constitui um argumento muito forte de que nada não é inédito. Quando as palavras não são inéditas, cria-se instrumentos para análise da coerência e conseqüências. Assim, as palavras ganham intimidade e personalidade própria. Ou seja, é uma tatuagem que acompanha a pessoa em diferentes lugares.
Por isto, quando alguém argumenta o teor das minhas palavras, tenho o álibi da repetição como mecanismo de defesa. Assim, permito-me relacionar as palavras a cada contexto e aplicá-las conforme a necessidade, mesmo que aconteça a confrontação de idéias. Para tanto, as palavras passam por leituras e releituras quanto a aplicabilidade de contextos.
Gosto de dialogar com amigos, debruçando sobre a especulação teórica e filosófica de diferentes assuntos. A repetição exaustiva de teses contaminou meus amigos próximos que, também, passaram a reproduzi-las de forma repetitiva. Assim, persisto em dizer as mesmas coisas, consciente de que novos significados são constituídos pela reflexão contínua, possibilitando o surgimento de novas teses.
TERCEIRA MÁXIMA: A MINHA FALA É AUTOBIOGRÁFICA – SEMPRE ESTOU FALANDO DE MIM MESMO
Acredito na relação afetiva de cada pessoa com as palavras, pois as palavras traduzem a existência do individuo: sua experiência, aquilo que ele gosta ou não, em si mesmo ou nos outros. Assim, partir do eixo do meu próprio corpo e do ego para me comunicar, dizendo sempre na primeira pessoa do singular ou plural. Até quando digo “Eles”, estou enquadrado na historicidade do contexto.
Cada palavra está carregada de historicidade, personalidade e vários sentimentos: alegria, tristeza, raiva, frustração e outros. Também, a arte de comunicar com as palavras envolvem gestos, expressões da face, respiração e tonalidade de voz. Logo, me relaciono não somente com as pessoas, mas com as palavras.
Ao elogiar alguém estou revelando atitudes, comportamentos pelos quais me identifico e gostaria de participar afetivamente. Ou seja, é uma apreciação pessoal, oriunda da observação sistemática e identificação moral. Claro, todos nós estamos impregnados de julgamentos morais em relação a si mesmos e ao outros.
Quando critico, estou revelando comportamentos pelos quais não me identifico e gostaria de evitar. Falo de coisas que ofendem a minha identidade. Ou seja, comportamentos que não gostaria de copiar. Trata-se de exemplo que não gostaria de evitar ou algo que me aflige.
Logo, minha fala é autobiográfica, pois não consigo fugir da minha história que é contada nas mensagens subliminares das palavras. Eu sempre estou falando de mim mesmo, utilizando código e me comprazo em expelir experiências para as pessoas não verem, não ouvirem, apenas sentirem. A tradução das mensagens subliminares é privilégios de poucos.
CONCLUSÃO
Vivo intensamente cada dia, com a consciência de que as palavras são punhais nas mãos das pessoas. Alguém pode ouvir uma mensagem e transformá-las em potenciais incentivos enquanto outras podem interpretar as mesmas palavras como críticas.
A relação passional com as palavras é inevitável. A dica é comunicar sempre: o mal-entendido sempre haverá para complicar as relações humanas.

REFERÊNCIAS
Recomendo a leitura dos livros:
ALVES, Rubem. Um céu numa flor silvestre.  Campinas (SP): Versus Editora, 2005.
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001.





sábado, 13 de novembro de 2010

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS MALES DO PODER

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS MALES DO PODER
Professor Gelcimar da Silva Pereira Nunes
Introdução
Tenho compartilhado com amigos algumas reflexões sobre o poder e suas implicações nas relações humanas. Percebi que há várias publicações sobre o assunto, daquilo já li e já ouvi. Cito como mais recentes as minhas leituras de obras do filósofo Alain de Botton, ressaltando o brilhante livro “Desejo de Status”, onde o autor descreve as sensações presentes no alpinismo social e como acontece a soberba, o esnobismo e o sentimento de autocomiseração em algumas pessoas. Assim retrata a margem que se estabelece entre ricos e pobres, as relações de dominação e subordinação e o status que é conferido a poucos.
Outra referência importante foram os sermões do Dr. Myles Munroe que defende a tese que os seres humanos foram criados para dominar e não para serem dominados. Ele exemplifica que a escravidão não prosperará em seu intento, pois o espírito humano sempre clamará quando houver privação da liberdade. Porém, a maior lição dos seus sermões tem sido a definição de liderança, pois ele desconstrói concepções de que ser líder depende da ideologia do dom, da manipulação e da força.
Contudo, as minhas reflexões compartilhadas com os amigos abordam a relação entre poder, status, capital e os conflitos pela disputa do poder. Nas minhas conversas tenho comentado artimanhas que se estabelecem para a manutenção do "status quo", levantando hipóteses sobre as razões de diversos conflitos que reclamam por legalidade. O argumento da legalidade é plausível, uma vez que as disputas se estabelecem tendo como ferramentas leis, estatutos, regimentos e outras normas. Comento que há espaços insuficientes no mundo para acomodar tantos egos, quando não há capacidade de ceder pelo menos um palmo. Pior, há pessoas que justificam as disputas, alegando que preferem padecer em defesa da justiça social do que a quietude da omissão.
Minhas referencias de defesa social são as personalidades: Martin Luther King Jr (1929 – 1968), Mahatma Gandhi (1869 – 1948) e Madre Tereza de Calcutá (1910 – 1997). Alias, são pessoas que mudaram o mundo de modo pacifista e são considerados os heróis da história. Alias, lembro-me como eram cultivados o José Maria da Silva Paranhos Jr., o Barão do Rio Branco (1845 – 1912), pela diplomacia como conduzia as disputas territoriais, tendo o instrumento da argumentação política.
Por isto, a seguir apresento algumas teses construídas durante minhas conversas sobre o poder, sustentadas pelas expectativas frustradas, tão evidenciadas por Sêneca em suas reflexões sobre a ira e a brevidade da vida.
1. Quem tem o poder não tem escrúpulos
Vale aqui a máxima de um amigo muito próximo: “quem tem o poder passa por debaixo, de lado, pelo meio e até por cima da lei”.  Parece ironia, mas o que ele queria dizer é que as leis, regimentos, normas, etc. são utilizadas, por vezes, ao sabor das conveniências. Quem detem o poder vê e ouve o que quer e faz vista grossa quando quer, dependendo da conveniência que orienta sua lógica e entendimento. Por isto, são comuns diferentes interpretações com exegeses confusas e conflitantes, pois o argumento legal é uma arma nos embates e instrumento para a dominação dos astutos sobre os incautos. Ainda, as distorções legais são convenientes com as aspirações de poder, com as manipulações e a ideologia de atender a equidade social. Aliás, as idéias de liberdade, igualdade e solidariedade são tão proletárias quanto burguesas. A história mostra como essas ideias foram apropriadas na Revolução Francesa, inclusive na época do Terror na ditadura dos Jacobinos.
Também, tenho afirmado em minhas conversas que o poder rima com a violência. Recordo do método estruturalista de pesquisa, que reconhece a história como uma estrutura. Se recapitularmos a formação dos reinos, dos países, observamos as guerras como forma de conquista, ampliação de territórios, tributação. Ou seja, a dominação de uma nação sobre outra nação foi construída por meio da violência da guerra, traições, assassinatos. Então me perguntam: a violência é inevitável? Respondo que Emile Durkheim (1858 – 1917) diria que a violência é um fato social, pois permeia toda a história. Porém o sociólogo advertiria que há situações de violência que se encaminham para o estado de anomia (“fora do controle”).
A manutenção do status do poder tem o custo da articulação, da bajulação e da conveniência. Vale a pena citar a obra de Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) que eu li de forma apaixonante e os escritos políticos de Friedrich Nietzche (1844 – 1900). Deste modo, avalio que o discurso da ética é clemente nos arraias coletivos. Porém, o discurso da ética é tão contraditório quando é utilizado para atender aos intentos egocêntricos, com fins de doutrinar opositores e críticos cínicos.
Tão como Karl Marx (1818 – 1883) vejo a luta de classes como uma disputa de poder. Mas, mesmo em classes homogêneas e ascendentes, a disputa de espaço se estabelece de forma sangrenta e, no final, contabiliza-se os fracos, feridos e muitos que morrem.
2. O limite do poder é o próprio poder?
Algumas pessoas sustentam que quem detém o poder tem medo da multidão, outros da mídia. Por tal argumento, alguns defendem o heroísmo da militância até as últimas conseqüências como forma de disciplinar dirigentes dos seus excessos. Há quem aponte que disciplinar o bom uso do poder depende do investimento em educação para a formar cidadãos conscientes do seu papel na sociedade. Cito a incredulidade do educador Paulo Reglus Freire (1927 – 1997) de que a educação seja a salvação da lavoura, pois, de outro modo, essa revolução começaria pelo Ministério da Educação.
A obsessão pelo poder não conhece limites e regras. Nesse arremedo há ingredientes como movimentação e acumulação de capital, sendo comum em ambientes palacianos denúncias de corrupção, tráfico de influência, nepotismo e outras ilicitudes. A manutenção do status quo é uma obsessão e traduz a prática da oligarquia, com a ideia de sucessão tal como capitanias hereditárias. A confrontação dos excessos de poder tem como ameaças de retaliação, coerção e tentativas de suborno.
Aliás, a história mostra que um poder depõe outro poder, logo o limite do poder estaria no próprio poder. Quer seja por revoluções, traições, legalidade ou ilegalidade, as mudanças acontecem. Claro, o conceito de supremacia é finito e frustra qualquer expectativa de perenidade. Contudo, a ilusão da segurança de que o poder é soberano, acima das circunstâncias e das oposições faz da história a repetição dos mesmos erros, com personagens, épocas e lugares diferentes. Oh, como é dura a sina de quem percebe o final de um ciclo e precisa fazer sucessor!
Como ressalva surge a discussão da ética e da disciplina como alerta daqueles que detém o poder. Como se percebe, os poderosos tem um argumento de legalidade, de que estão certos, diante dos questionadores de suas ações.
Assim, acredito que a moral cristã anunciada no Sermão do Monte deve ser observada, pois aqueles que se ocupam do poder são tentados à soberba, ao esnobismo e autosuficiência. Alain de Botton (2005) convida a perceber na simplicidade das coisas: a essência das relações e a compreensão sobre as motivações verdadeiras que devem orientar o ser humano. Esse insight deve acontecer distante das imersões passionais da razão.
A verbalização estéril só serve para extravasar as tensões, relaxar em um em balcão de reclamações com atendimento exclusivo. Por sua vez, a discussão passional é irascível, improdutiva e inconseqüente. Leva os jogadores ao ringue das vaidades pessoais e os afasta do foco inicial de suas demandas: que é mudar aquilo que os incomoda.
Assim, a expectativa é de que alternância do poder não seja uma história de tragédias, mas a mudança de um paradigma por um outro, isento de vícios, erros e mal feitos.
3. O poder que não pode não é poder
Tenho por testemunha as insatisfações com as crises nas instituições: o Estado, a família, a sociedade, a igreja e outras. As reclamações denunciam as expectativas de um mundo perfeito, tal como expressou Lucius Anaeos Sêneca (6a.c. – 65d.c.). Dessa expectativa frustrada surge a ira, as murmurações e as rebeldias. A ira é a mais perigosa das paixões
As grandes tragédias denunciam a impotência do Estado diante dos problemas que reclamam sua solução. Diante dessa realidade, surgem os messias que prometem o fim do problema da fome, da violência, do trafico de drogas e dos graves problemas sociais.  A repetição do quadro trágico inspira desconfiança e faz surgir o segundo Estado ou Estado paralelo. O Estado paralelo tem suas regras e normas de conhecimento geral, a justiça é imediata tendo como instrumentos a ameaça, a violência e o suborno.
Quando se diz que o poder que não pode não é poder, é porque o poder tem que responder a razão da sua existência. Nesse caso, não deve transigir o erro e o mal feito, pois além da competência, a ética e a moral devem orientar as relações entre as pessoas e as instituições.
Não ser otimista em demasiado pode ser uma forma de evitar frustrações por expectativas não correspondidas. Desse modo, não se deve esperar pessoas perfeitas, instituições perfeitas e resultados eficientes, sem contratempos ou obstáculos, como se o planejamento estivessem ao alcance de todos os resultados esperados e previsão dos possíveis erros de execução.
4. O capital é um dos combustíveis do poder
Quanto mais alguém tiver dinheiro, mais será o número de pessoas que usufruir de sua renda. Ou seja, multiplicam-se os amigos, o status quo e a capacidade de comprar pessoas, coisas materiais e imateriais. Há quem alegue que é possível comprar a bondade e, pasmem, até o amor.
A democracia possibilita que o capital financie a conquista do poder, razão das campanhas políticas milionárias. Pergunto como um deputado pagaria a doação de empresas sem esgotar os seus recursos dos vencimentos a serem adquiridos ao longo do mandato? Claro, que não faltará motivos para a corrupção.
Dizem que sem dinheiro não se faz nada, porque ter dinheiro é ter bens, fama e poder. O dinheiro permita comprar e subjugar pessoas, pois o capital se acumula para poucos e ampla maioria de assalariados encontram-se na base da pirâmide social.
Ouço que um dos milagres do capitalismo é a universalização do sonho, pois todos desejam ter conforto, bens, capital. Porém, a realização concedida a poucos devido a predominância de uma oligarquia presente nos arraias palacianas.
Na antiguidade a conquista do poder tinha motivações belicosas. Porém, atualmente, as disputa pelo poder tem motivações capitalistas, sendo o atalho mais possível a política. Nesse jogo vale tudo, inclusive a exploração da imagem pessoal fabricada pelos recursos da mídia em um quadro de encenação teatral dramática.
Conclusão
Tudo que foi escrito é uma especulação teórica. Não se pretende adotar um trabalho científico, acadêmico. É uma tentativa relatar a observação sistemática, a apreciação e o relato de ideias tal como os filósofos da antiguidade que amavam os seus pensamentos.
A reflexão sobre o poder é uma tentativa de entender a competição irracional, a manipulação, a murmuração e a desesperança do desejo da mudança.
Assim, o contraditório se estabelece quando alguém não concorda com essas premissas. Graças a Deus, a concordância ou a discordância é um indicativo que o texto cumpriu o seu propósito de fazer as pessoas pensarem.

Referências
Indico a leitura dos seguintes livros:
BOTTON, Alain de. Desejo de Status. 2ª ed. São Paulo: Rocco, 2005.
FREIRE, Paulo; GADOTTI, Moacir; GUIMARÃES, Sérgio & HERNANDEZ, Izabel. Pedagogia, Diálogo e Conflito. São Paulo: Cortez, 1995.
DVDs de Myles Munroe sobre o tema: “a liderança servidora”

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Negar a si mesmo e seguir a Jesus

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Negar a si mesmo e seguir a Jesus:
Ev. Gelcimar da Silva Pereira Nunes
Texto base
Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me”. Lucas 9. 23.
Introdução
Na passagem que antecede este texto bíblico, o Senhor Jesus anunciava aos discípulos a sua morte: “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite” (v. 22).
Jesus testemunhava que sua morte estava anunciada nas profecias e esta vontade do Pai era superior a sua. Ou seja, Cristo já havia declarado que sua comida era fazer a vontade do Pai e completar a sua obra (João 4.34). Mais adiante no Jardim do Getsêmani, Ele orava: “Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22.42).
Percebemos que para atender a vontade do Pai, Jesus aniquilou-se a si mesmo e humilhou-se até a morte da Cruz (Filipenses 2. 5-8). Assim, com o exemplo de Jesus, aprendemos que o significado de negar-se a si mesmo é: colocar a vontade de Deus acima das nossas motivações, vontades, desejos e paixões.
1.     Negar a si mesmo
Jesus mostra que negar a si mesmo é um ato voluntário, é uma opção. O exemplo mais evidente do Novo Testamento é a parábola dos dois caminhos (Mateus 7. 13-14). Ou seja, negar a si mesmo é escolher o caminho estreito pelo qual o cristão deverá levar a sua cruz.
Negar a si mesmo não significa negação da vontade, do desejo e do prazer. Por isto, devemos entender que Deus fez o homem e a mulher dotados dos seguintes instintos ou pulsões:
(1) A pulsão da fome;
(2) A pulsão da sexualidade;
(3) A pulsão da autopreservação.
Na dispensação da Inocência, as pulsões do homem não estavam contaminadas pelo pecado; logo, o desejo e o prazer eram sentimentos realçados pela santidade. Com a entrada do pecado no mundo, as pulsões tornaram-se instrumentos de domínio de um ser humano sobre o outro, egoísmo, soberba, narcisismo, homicídios, adultérios, vícios e outros males, descritos em Gálatas 5. 19-21. O apostolo Tiago chama estes desejos pecaminosos incontroláveis de concupiscência (Tiago 1.14). O apostolo Paulo em suas epístolas denomina essa inclinação ao pecado como conseqüência da natureza decaída do homem, miserável e distante da glória de Deus (Efésios 2.1-5). Assim, denomina essa natureza pecaminosa de carne; os que estão na carne não podem agradar a Deus e sobre eles pesa uma condenação de morte (Romanos 6.24; 8. 1-12).
Negar a si mesmo significa a completa repudiação de sua própria bondade. Significa cessar de descansar sobre quaisquer obras nossas, negação do argumento da justiça própria própria, para nos recomendar a Deus. Significa uma aceitação sem reservas do veredicto de Deus que “todas as nossas justiças são como trapo da imundícia” (Isaías 64:6).
Também, “negar a si mesmo” totalmente, significa renunciar completamente sua própria sabedoria, pois ninguém pode entrar no reino dos céus, a menos que tenha se tornado “como uma criança” (Mateus 18:3). “Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!” (Isaías 5:21). “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Romanos 1:22). Quando o Espírito Santo aplica o Evangelho em poder numa alma, é para “destruir os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5).
Para um homem “negar a si mesmo” totalmente, deverá renunciar completamente sua própria força. Ou seja, “não confiar na carne” (Filipenses 3:3); é o coração se curvando à declaração positiva de Cristo: “Sem mim, nada podeis fazer” (João 15:5).  Também, “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Provérbios 16:18). Quão necessário é, então, que prestemos atenção à 1 Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”! O segredo da força espiritual reside em reconhecer nossa fraqueza pessoal: (veja Isaías 40:29; 2 Crônicas 12:9). Então, “fortifiquemo-nos na graça que há em Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1).
“Negar a si mesmo” totalmente, implica renunciar completamente sua própria vontade. É dizer com Cristo, “Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14:36). É viver em função da vontade de Deus
Por fim, o homem que quer “negar a si mesmo” deve renunciar completamente suas luxúrias ou desejos carnais. Os homems carnais são “amantes de si mesmos” (2 Timóteo 3:1); Sobre os impios está escrito, “todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2:21); mas dos santos de Deus está registrado,“eles não amaram a sua vida até à morte” (Apocalipse 12:11). A graça de Deus está “ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tito 2:12).
2. Tomar diariamente a sua própria cruz
Depois, Jesus disse que quem deseja segui-Lo deve tomar dia-a-dia a sua cruz. A palavra cruz traz uma significação sofrimento e de morte. Aliás, a morte de cruz era a mais pavorosa nos tempos do Novo Testamento.
A história credita a invenção da cruz aos persas. Porém, esse instrumento de execução de condenados foi copiada dos cartigienses pelos romanos. A morte na cruz era a penalidade máxima aplicada a escravos revoltosos, lideres de motins contra o Império Romano e criminosos da pior espécie.
O processo de execução era iniciado por um ato de flagelamento. O criminoso era amarrado de bruços sobre o tronco para ser açoitado por dois algozes. A ponta do chicote tinha três pontas com pedaços de ferro e ossos da espinha dorsal de carneiros. Nas sessões de flagelamento, o réu tinha suas carnes rasgadas, rompendo veias e nervos, chegando alguns a morrer por hemorragias provocadas pelo acoitamento.
Depois, o condenado era obrigado a levar a cruz ou parte dela, ou a parte de cima: o patíbulo. Uma cruz pesava de 100 a 130 quilos e o patíbulo de 30 a 50 quilos.
A crucificação consistia em amarrar o condenado a cruz, sendo raro fixá-lo a cruz com cravos. O crucificado morria por asfixia e, às vezes, eram quebradas as pernas para agilizar a sua morte.
Convém esclarecer que a crucificação era realizada em lugares altos, com vista privilegiada para a cidade, para que todos vissem o espetáculo dantesco e temessem. O crucificado era uma pessoa tão indigna que, às vezes, não se permitia o seu enterro para que sua carne fosse devorada pelos abutres. Ou seja, o crucificado era uma pessoa vil e não lhe era imputada o direito a um enterro digno.
Na concepção dos homens ímpios, a morte de Cristo foi um assassinato; mas como o ato do próprio Cristo, foi um sacrifício voluntário, oferecendo a Si mesmo a Deus. Foi também um ato de obediência a Deus.
Portanto, Cristo tomava o próprio exemplo quando disse: “Se alguém quiser”. Isto é, a cruz não será colocada sobre os seus ombros forçadamente. Por outro lado, tomar a cruz é o ponto sem negociação para quem quer seguir a Cristo.
Tomar a “cruz” significa uma vida voluntariamente rendida a Deus. É a marca de Cristo que precisa ser vista em seus discípulos. Portanto quem carrega a sua cruz está anunciando a sua morte para a vida de pecado. Aliás, levar a cruz é uma confissão pública da fé que professamos em Cristo e o compromisso com a obediência a sua palavra.
Do ponto de vista humano, só se levava a cruz uma única vez para nela morrer. Mas, Jesus fala em levar a cruz diariamente. Ou seja, todos os dias, nós devemos crucificar a nossa natureza pecaminosa, não dando vazão aos desejos maus do coração, pois “o pecado de perto nos rodeia” (Hebreus 12.2).
Levar a cruz é muito bem explicado no capítulo 6 de Romanos, onde o apóstolo Paulo ressalta que “o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado” (Romanos 6:6), que nós fomos sepultados juntamente com Cristo e que ressurgimos para uma nova vida com Deus. O apóstolo declara que “os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5. 24). Por isto, pôde afirmar que
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” Gálatas 5.20
Tomar a cruz é identificar-se com Cristo buscar ser parecido com Ele. Por isto, levar a cruz implica sacrifício diário. Cristo alertou os seus discípulos que no mundo teriam aflições (João 16.20). Logo, não existe cristianismo autêntico sem cruz e sacrifício. Assim, levar a cruz é aceitar as condições que nos impõe para seguir a Cristo.
Logo, não temos compromisso com o pecado e servir a Cristo implica não se conformar com este mundo e transformar o nosso entendimento. “Conforme” significa literalmente “com a fôrma”. Ou seja, o mundo quer nos enquadrar na sua forma de pensamento, de vivência, que é contrária a vontade de Deus, tais como; desprezo a virgindade, prostituição, impureza, aborto, homossexualismo, drogas. Essas coisas são abominações aos olhos do Senhor. Quem pensa diferente é discriminado na escola, no trabalho, pelos amigos, pois a Igreja anda na contramão do mundo e condena o seu modo de viver.
Assim, a Igreja de Cristo se opõe ao evangelho das facilidades, que não implica em transformação de vida. Não se pode servir a Cristo de mãos dadas com o mundo. A crise de identidade da Igreja contemporânea está relacionada ao fato de os crentes não querem levar diariamente a sua própria cruz.
A vida cristã começa com um ato de auto-renúncia (negue-se a si mesmo), e é continuada pela auto-mortificação – tomar diariamente a cruz (Romanos 8:13).
Conclusão
Jesus está então dizendo a seus discípulos: “Querem me seguir? Então estejam dispostos a abrir mão de seus desejos pessoais”. O caminho da vida significa a crucificação diária da natureza pecaminosa. Dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
Então, aceitar a nossa cruz para poder seguir Jesus, não significa ficar impotente perante as adversidades da vida, aceitando ser miserável conformado com a dor e embaraço, mas significa isso sim, aceitar todas as consequências de uma vida vivida ao jeito de Jesus. Significa não vacilar, não recuar, quando nos puserem á prova, não deixar-nos levar pelos caminhos opressores que nos são impostos pelos homens, mas manter sempre bem viva, a Fé na Providência Divina, que nos liberta e ama!
Seguir a Jesus requer uma decisão seguida por ação. A Bíblia diz em Mateus 4:19-20 “Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.”
Bibliografia
http//:bibliongranceonline.com
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Ed. Revista e corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Homem conforme a imagem do Filho de Deus

 
O homem conforme a imagem do Filho de Deus.
Evangelista Gelcimar da Silva Pereira Nunes
Texto base:
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Romanos 8:28-29)
Introdução
Lembro-me que, nos primórdios da fé, fui instruído a começar a ler a Bíblia a partir de dois livros: o evangelho do apóstolo João e a epístola do apóstolo Paulo aos Romanos.
O evangelho de João revela a divindade de Jesus por meio dos sermões, no qual Ele se apresenta como o Filho Amado que Deus enviou para salvar o mundo; a fonte da vida; o pão da vida para os que crêem; a luz do mundo; o bom pastor; a ressurreição e a vida; o caminho, a verdade e a vida; a videira verdadeira, dentre outras. Até os milagres como a cura de um coxo e de um cego, a multiplicação dos pães eram a oportunidade para Jesus revelar a sua divindade.
Por sua vez, a epístola do apóstolo Paulo aos Romanos é de vital importância, porque nela encontramos os principais alicerces do cristianismo firmados. O texto sagrado apresenta um retrato da pecaminosidade do homem e mostra como a graça de Deus se manifesta na vida do pecador. Também, apresenta os resultados da salvação, tais como: a justificação pela fé, a vida nova debaixo da graça, a regeneração, a eleição e adoção, dentre outras.
Para nossa meditação, escolhemos um texto que nos mostra o propósito de Deus para aqueles chamados por seu Decreto: “(...) serem conformes a imagem de Seu Filho (Jesus)”... A palavra conforme significa “semelhante”, “com a mesma forma” de Jesus Cristo. Mas como será isto? Antes de responder a pergunta vamos nos reportar ao projeto original de Deus, que está expresso no decreto divino no momento da criação do homem.
1. O projeto original de Deus: o homem conforme a sua imagem e sua semelhança
No primeiro livro da Bíblia Sagrada, há o relato da criação dos céus, da terra e dos seres viventes. Mas, o que nos chama atenção é como Deus resolveu criar o homem. O texto bíblico pressupõe um propósito por que nenhuma outra criatura foi formada de maneira tão especial. Se não, observamos:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26-28)
Também, outra passagem do livro de Gênesis revela a matéria prima da formação do homem:
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” (Genesis 2:7)
Entendemos que o homem foi criado a “imagem” e “semelhança” de Deus para ser parecido com Ele. Adão não se pareceu com Deus no sentido físico biológico: carne e sangue. As Escrituras dizem que “Deus é espírito” (João 4:24) e, portanto, existe sem um corpo. Entretanto, o corpo de Adão espelhou a vida de Deus, ao ponto de ter sido criado em perfeita saúde e não ser sujeito à morte.
A imagem de Deus se refere à parte imaterial do homem. Ela separa o homem do mundo animal, e o encaixa na “dominação” que Deus pretendeu (Gênesis 1:28), e o capacita a ter comunhão com Ele. É uma semelhança mental, moral e social.
Mentalmente, o homem foi criado como um agente racional e com poder de escolha: em outras palavras, o homem pode raciocinar e fazer escolhas. Isto é um reflexo do intelecto e liberdade de Deus.
Moralmente, o homem foi criado em justiça e perfeita inocência, um reflexo da santidade de Deus. Deus viu tudo que tinha feito (incluindo a humanidade), e disse que tudo era “muito bom” (Gênesis 1:31). Nossa consciência, ou “bússola moral” é um vestígio daquele estado original.
Socialmente, o homem foi criado para a comunhão. Isto reflete a natureza triúna de Deus e Seu amor. No Éden, o primeiro relacionamento do homem foi com Deus (Gênesis 3:8 indica comunhão com Deus), e Deus fez a primeira mulher porque “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2: 18).
Parte de sermos feitos à imagem de Deus significa que Adão tinha a capacidade de tomar decisões livres. Apesar de ter sido dada a ele uma natureza reta, Adão fez uma má escolha em se rebelar contra seu Criador. Fazendo isto, ele manchou a imagem de Deus dentro de si, e passou adiante esta semelhança danificada a todos os seus filhos, incluindo a nós (Romanos 5:12). Hoje, ainda trazemos conosco a imagem de Deus (Tiago 3:9), mas também trazemos as cicatrizes do pecado. Mentalmente, moralmente, socialmente e fisicamente, mostramos os efeitos.
2. O homem conforme a sua natureza pecaminosa (o mundo)
Como sabemos este estado de integridade não foi mantido até o fim pelos nossos primeiros pais e, com a desobediência, veio também a queda (Genesis 3:1-24). Nossos primeiros pais foram criados para refletir e representar Deus, porém não passaram no teste. Quando provados, caíram e deformaram a imagem de Deus neles.
Após a queda, o homem continuou homem, mas a imagem de Deus, seus dons, talentos e habilidades passaram a ser usados para afrontar a Deus. Por causa da transgressão, Deus determinou juízo sobre o homem: “O salário do pecado e a morte...” (Romanos 6: 23a). A palavra “morte” significa “separação, e a condenação pela morte implica em três consequências:
1)      Morte espiritual – o homem perdeu a comunhão com Deus e passou a viver em função do desejo pecaminoso do seu coração. “Por que todos pecaram e destituídos ficaram da glória de Deus” (Romanos 3:23);
2)      Morte física – por causa do pecado, o corpo do homem perdeu o estado de perfeição, tornando-se frágil, sujeito ao envelhecimento, às enfermidades e à morte;
3)      Morte eterna – após a morte física, o homem incrédulo será julgado pelos pecados incorrendo na condenação da morte eterna, o inferno, para ser atormentado eternamente (Daniel 12:2).
Lembremos que Deus concedeu ao homem o poder de dominar, mas esse poder passou a ser usado para afrontar ao criador e ao seu semelhante. Por isto, como resultado da queda, encontramos:
·         O conflito conjugal – Adão não assumiu diretamente a culpa pelo pecado e afrontou a sua mulher Eva e ao Criador: “A mulher que me deste por companheira...” (Gênesis 3:12);
·         A inimizade entre irmãos e assassinatos – Caim irritou-se contra seu irmão Abel e o matou (Gênesis 4:6);
·         Materialismo – a geração de Caim produziu feitos extraordinários na área da agricultura e da música, porém viveu à parte de Deus (Gênesis 4:20-21);
·         Poligamia – Lameque, o 5º da geração de Caim, foi o primeiro bígamo (Gênesis 4:23, 24).
·         Violência – Lameque era “rude e violento”, não temendo a Deus, nem aos homens. Ele compôs o “Cântico Guerreiro de Lameque” em Gênesis 4:23-24. Também, no capítulo 5, mostra a terra cheia de violência.
·         Homossexualismo – os homens de Sodoma cercaram a casa de Ló para violar os varões que entraram em sua casa (Gênesis 19:3-4). As cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por causa da degeneração moral de seus habitantes.
·         Idolatria – Deus ordenou a Israel que se apartassem das nações ao redor, por causa da idolatria e ordenou que não fizessem imagem de escultura para adorar (Êxodo 20:3;23)
Todos esses males estão presentes nos dias hoje e são reforçados pela revolução do pensamento humano. Por isto, são projetadas idéias, sofismas, filosofias que ignoram a existência de Deus e coloca o homem no centro do universo. Vivemos na era da razão, do conhecimento e da exaltação da imaginação criadora do homem. Por isto, o apóstolo Paulo alerta à Igreja:
“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)
Isto se significa que o mundo tem uma forma de pensar, que exprime suas idéias e uma filosofia que orienta o estilo de vida das pessoas sem Deus. Essa ideologia e proceder são formas de rebelião contra Deus, pois ofendem o seu caráter santo. Dentre os sofismas que orientam o proceder pecaminoso do homem sem Deus, podemos citar:
·         Materialismo – o homem se preocupa com o comer, beber e o folgar. Vive como se Deus não existisse, pois só acredita naquilo que é visível, palpável, material. Por isto, se preocupa em ganhar dinheiro, ter fama e poder.
·         Ateísmo – é uma declaração de guerra contra Deus, negando de forma objetiva ou subjetiva a sua existência. Os homens ateus têm um fervor religioso e procuram convencer outras pessoas que Deus não existe.
·         Pragmatismo – é negar a essência das coisas e focar nos resultados. É passar por cima dos princípios morais e éticos para ganhar dinheiro, fama e poder.
·         Relativismo – é negar a objetividade das coisas. Ou seja, tudo é possível e permitido, pois cada um tem o seu ponto de vista, sua forma de pensar. Logo, o homossexualismo é questão do jeito de ser, o uso de drogas é uma questão de liberdade de cada um têm com o seu corpo, todas as religiões estão certas e ao mesmo tempo erradas. Surge, então, a inversão de valores: o certo passa a ser errado e o errado, certo.
·         Anarquia – é movimento que se levanta contra todas as formas de lei e de ordem. Por isto, há grupos que defendem a liberação de todas as drogas, a discriminação do aborto, do casamento homossexual, da legalização da prostituição, da eutanásia, dentre outros.
Contudo, Deus tem separado um povo para expressar a sua vontade e propagar a sua santidade na terra. No antigo Testamento, Deus escolheu a Israel como nação eleita, santa e como povo do qual nasceu o Messias. Jesus foi enviado para restaurar a imagem de Deus, impressa no homem. Por sua vez, a Igreja é a agência de Deus para transmitir a mensagem que restaura o homem, conforme a imagem do seu filho.
3. O homem conforme a imagem de Jesus de Cristo
Deus redime uma pessoa, por meio da mensagem restauradora do evangelho. É necessário que o homem creia em Jesus, se arrependa dos seus pecados e volte para Deus. Ele começa a restaurar a imagem original de Deus, criando “o novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24; Colossenses 3:10).
Esta restauração da imagem só é possível através de Cristo, porque Cristo é a imagem perfeita de Deus, e o pecador precisa agora tornar-se semelhante a Cristo. Lemos em Colossenses 1:15 "Ele é a imagem do Deus invisível". Ou seja, por meio de Jesus Cristo, o homem tem o resgate da imagem perdida por ocasião do pecado original. Por sua vez, o apostolo Paulo, em Romanos 8:29, declara que Deus nos predestinou para sermos "Conforme a imagem de Seu Filho ..." . Veja também (I Jo 3:2; II Co 3:18)
“E vos revestistes do novo homem, que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Cl 3:10
“E vos revestais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Efésios. 4:24
A completa perfeição dos cristãos será a participação da final glorificação de Cristo Jesus. Não somos apenas herdeiros de Deus, mas também co-herdeiros com Cristo, “Se com ele sofremos, para que também com ele sejamos glorificados” (Romanos 8:17). Não podemos pensar em Cristo separado de seu povo, nem seu povo separado dEle. Assim será na vida futura: a glorificação dos cristãos ocorrerá junto com a glorificação do Senhor Jesus. É exatamente isto que Paulo nos ensina em Colossenses 3:4:
“Quando Cristo que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele, em glória”.
A glorificação é voltar à perfeição com a qual fomos criados por Deus, é voltar a imagem de Deus. Este é o propósito último de nossa redenção. Esta perfeição da imagem será o auge, a consumação do plano redentor de Deus para o seu povo. E isto só é possível em Cristo.
Para tanto, devemos acreditar na volta do nosso Senhor Jesus Cristo: no arrebatamento da Igreja e na ressurreição dos mortos. Ver o tratado que o apóstolo Paulo escreveu sobre a ressurreição em I Coríntios 15 e em Tessalonicenses 4: 13-17. Assim, não nos esqueçamos da exortação do apóstolo João.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.” (1ª João 3: 2-3)
Conclusão
A igreja reflete a imagem de Cristo na terra, fazendo a diferença neste mundo, por meio de uma vida de santidade, e anunciando as verdades do evangelho. Também, revela o propósito de Deus ao homem, através da adoração ao seu Criador.
Por isto, a igreja tem o sentimento que teve Cristo Jesus (Filipenses 2:5-10), tem os fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:23), pois tem a natureza de Deus habitando em sua vida, seus corpos, consagrados a Ele.
Referências:
http//:bíbliaongraceonline.com

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