terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Homem conforme a imagem do Filho de Deus

 
O homem conforme a imagem do Filho de Deus.
Evangelista Gelcimar da Silva Pereira Nunes
Texto base:
“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Romanos 8:28-29)
Introdução
Lembro-me que, nos primórdios da fé, fui instruído a começar a ler a Bíblia a partir de dois livros: o evangelho do apóstolo João e a epístola do apóstolo Paulo aos Romanos.
O evangelho de João revela a divindade de Jesus por meio dos sermões, no qual Ele se apresenta como o Filho Amado que Deus enviou para salvar o mundo; a fonte da vida; o pão da vida para os que crêem; a luz do mundo; o bom pastor; a ressurreição e a vida; o caminho, a verdade e a vida; a videira verdadeira, dentre outras. Até os milagres como a cura de um coxo e de um cego, a multiplicação dos pães eram a oportunidade para Jesus revelar a sua divindade.
Por sua vez, a epístola do apóstolo Paulo aos Romanos é de vital importância, porque nela encontramos os principais alicerces do cristianismo firmados. O texto sagrado apresenta um retrato da pecaminosidade do homem e mostra como a graça de Deus se manifesta na vida do pecador. Também, apresenta os resultados da salvação, tais como: a justificação pela fé, a vida nova debaixo da graça, a regeneração, a eleição e adoção, dentre outras.
Para nossa meditação, escolhemos um texto que nos mostra o propósito de Deus para aqueles chamados por seu Decreto: “(...) serem conformes a imagem de Seu Filho (Jesus)”... A palavra conforme significa “semelhante”, “com a mesma forma” de Jesus Cristo. Mas como será isto? Antes de responder a pergunta vamos nos reportar ao projeto original de Deus, que está expresso no decreto divino no momento da criação do homem.
1. O projeto original de Deus: o homem conforme a sua imagem e sua semelhança
No primeiro livro da Bíblia Sagrada, há o relato da criação dos céus, da terra e dos seres viventes. Mas, o que nos chama atenção é como Deus resolveu criar o homem. O texto bíblico pressupõe um propósito por que nenhuma outra criatura foi formada de maneira tão especial. Se não, observamos:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26-28)
Também, outra passagem do livro de Gênesis revela a matéria prima da formação do homem:
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” (Genesis 2:7)
Entendemos que o homem foi criado a “imagem” e “semelhança” de Deus para ser parecido com Ele. Adão não se pareceu com Deus no sentido físico biológico: carne e sangue. As Escrituras dizem que “Deus é espírito” (João 4:24) e, portanto, existe sem um corpo. Entretanto, o corpo de Adão espelhou a vida de Deus, ao ponto de ter sido criado em perfeita saúde e não ser sujeito à morte.
A imagem de Deus se refere à parte imaterial do homem. Ela separa o homem do mundo animal, e o encaixa na “dominação” que Deus pretendeu (Gênesis 1:28), e o capacita a ter comunhão com Ele. É uma semelhança mental, moral e social.
Mentalmente, o homem foi criado como um agente racional e com poder de escolha: em outras palavras, o homem pode raciocinar e fazer escolhas. Isto é um reflexo do intelecto e liberdade de Deus.
Moralmente, o homem foi criado em justiça e perfeita inocência, um reflexo da santidade de Deus. Deus viu tudo que tinha feito (incluindo a humanidade), e disse que tudo era “muito bom” (Gênesis 1:31). Nossa consciência, ou “bússola moral” é um vestígio daquele estado original.
Socialmente, o homem foi criado para a comunhão. Isto reflete a natureza triúna de Deus e Seu amor. No Éden, o primeiro relacionamento do homem foi com Deus (Gênesis 3:8 indica comunhão com Deus), e Deus fez a primeira mulher porque “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2: 18).
Parte de sermos feitos à imagem de Deus significa que Adão tinha a capacidade de tomar decisões livres. Apesar de ter sido dada a ele uma natureza reta, Adão fez uma má escolha em se rebelar contra seu Criador. Fazendo isto, ele manchou a imagem de Deus dentro de si, e passou adiante esta semelhança danificada a todos os seus filhos, incluindo a nós (Romanos 5:12). Hoje, ainda trazemos conosco a imagem de Deus (Tiago 3:9), mas também trazemos as cicatrizes do pecado. Mentalmente, moralmente, socialmente e fisicamente, mostramos os efeitos.
2. O homem conforme a sua natureza pecaminosa (o mundo)
Como sabemos este estado de integridade não foi mantido até o fim pelos nossos primeiros pais e, com a desobediência, veio também a queda (Genesis 3:1-24). Nossos primeiros pais foram criados para refletir e representar Deus, porém não passaram no teste. Quando provados, caíram e deformaram a imagem de Deus neles.
Após a queda, o homem continuou homem, mas a imagem de Deus, seus dons, talentos e habilidades passaram a ser usados para afrontar a Deus. Por causa da transgressão, Deus determinou juízo sobre o homem: “O salário do pecado e a morte...” (Romanos 6: 23a). A palavra “morte” significa “separação, e a condenação pela morte implica em três consequências:
1)      Morte espiritual – o homem perdeu a comunhão com Deus e passou a viver em função do desejo pecaminoso do seu coração. “Por que todos pecaram e destituídos ficaram da glória de Deus” (Romanos 3:23);
2)      Morte física – por causa do pecado, o corpo do homem perdeu o estado de perfeição, tornando-se frágil, sujeito ao envelhecimento, às enfermidades e à morte;
3)      Morte eterna – após a morte física, o homem incrédulo será julgado pelos pecados incorrendo na condenação da morte eterna, o inferno, para ser atormentado eternamente (Daniel 12:2).
Lembremos que Deus concedeu ao homem o poder de dominar, mas esse poder passou a ser usado para afrontar ao criador e ao seu semelhante. Por isto, como resultado da queda, encontramos:
·         O conflito conjugal – Adão não assumiu diretamente a culpa pelo pecado e afrontou a sua mulher Eva e ao Criador: “A mulher que me deste por companheira...” (Gênesis 3:12);
·         A inimizade entre irmãos e assassinatos – Caim irritou-se contra seu irmão Abel e o matou (Gênesis 4:6);
·         Materialismo – a geração de Caim produziu feitos extraordinários na área da agricultura e da música, porém viveu à parte de Deus (Gênesis 4:20-21);
·         Poligamia – Lameque, o 5º da geração de Caim, foi o primeiro bígamo (Gênesis 4:23, 24).
·         Violência – Lameque era “rude e violento”, não temendo a Deus, nem aos homens. Ele compôs o “Cântico Guerreiro de Lameque” em Gênesis 4:23-24. Também, no capítulo 5, mostra a terra cheia de violência.
·         Homossexualismo – os homens de Sodoma cercaram a casa de Ló para violar os varões que entraram em sua casa (Gênesis 19:3-4). As cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas por causa da degeneração moral de seus habitantes.
·         Idolatria – Deus ordenou a Israel que se apartassem das nações ao redor, por causa da idolatria e ordenou que não fizessem imagem de escultura para adorar (Êxodo 20:3;23)
Todos esses males estão presentes nos dias hoje e são reforçados pela revolução do pensamento humano. Por isto, são projetadas idéias, sofismas, filosofias que ignoram a existência de Deus e coloca o homem no centro do universo. Vivemos na era da razão, do conhecimento e da exaltação da imaginação criadora do homem. Por isto, o apóstolo Paulo alerta à Igreja:
“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)
Isto se significa que o mundo tem uma forma de pensar, que exprime suas idéias e uma filosofia que orienta o estilo de vida das pessoas sem Deus. Essa ideologia e proceder são formas de rebelião contra Deus, pois ofendem o seu caráter santo. Dentre os sofismas que orientam o proceder pecaminoso do homem sem Deus, podemos citar:
·         Materialismo – o homem se preocupa com o comer, beber e o folgar. Vive como se Deus não existisse, pois só acredita naquilo que é visível, palpável, material. Por isto, se preocupa em ganhar dinheiro, ter fama e poder.
·         Ateísmo – é uma declaração de guerra contra Deus, negando de forma objetiva ou subjetiva a sua existência. Os homens ateus têm um fervor religioso e procuram convencer outras pessoas que Deus não existe.
·         Pragmatismo – é negar a essência das coisas e focar nos resultados. É passar por cima dos princípios morais e éticos para ganhar dinheiro, fama e poder.
·         Relativismo – é negar a objetividade das coisas. Ou seja, tudo é possível e permitido, pois cada um tem o seu ponto de vista, sua forma de pensar. Logo, o homossexualismo é questão do jeito de ser, o uso de drogas é uma questão de liberdade de cada um têm com o seu corpo, todas as religiões estão certas e ao mesmo tempo erradas. Surge, então, a inversão de valores: o certo passa a ser errado e o errado, certo.
·         Anarquia – é movimento que se levanta contra todas as formas de lei e de ordem. Por isto, há grupos que defendem a liberação de todas as drogas, a discriminação do aborto, do casamento homossexual, da legalização da prostituição, da eutanásia, dentre outros.
Contudo, Deus tem separado um povo para expressar a sua vontade e propagar a sua santidade na terra. No antigo Testamento, Deus escolheu a Israel como nação eleita, santa e como povo do qual nasceu o Messias. Jesus foi enviado para restaurar a imagem de Deus, impressa no homem. Por sua vez, a Igreja é a agência de Deus para transmitir a mensagem que restaura o homem, conforme a imagem do seu filho.
3. O homem conforme a imagem de Jesus de Cristo
Deus redime uma pessoa, por meio da mensagem restauradora do evangelho. É necessário que o homem creia em Jesus, se arrependa dos seus pecados e volte para Deus. Ele começa a restaurar a imagem original de Deus, criando “o novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24; Colossenses 3:10).
Esta restauração da imagem só é possível através de Cristo, porque Cristo é a imagem perfeita de Deus, e o pecador precisa agora tornar-se semelhante a Cristo. Lemos em Colossenses 1:15 "Ele é a imagem do Deus invisível". Ou seja, por meio de Jesus Cristo, o homem tem o resgate da imagem perdida por ocasião do pecado original. Por sua vez, o apostolo Paulo, em Romanos 8:29, declara que Deus nos predestinou para sermos "Conforme a imagem de Seu Filho ..." . Veja também (I Jo 3:2; II Co 3:18)
“E vos revestistes do novo homem, que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Cl 3:10
“E vos revestais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Efésios. 4:24
A completa perfeição dos cristãos será a participação da final glorificação de Cristo Jesus. Não somos apenas herdeiros de Deus, mas também co-herdeiros com Cristo, “Se com ele sofremos, para que também com ele sejamos glorificados” (Romanos 8:17). Não podemos pensar em Cristo separado de seu povo, nem seu povo separado dEle. Assim será na vida futura: a glorificação dos cristãos ocorrerá junto com a glorificação do Senhor Jesus. É exatamente isto que Paulo nos ensina em Colossenses 3:4:
“Quando Cristo que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele, em glória”.
A glorificação é voltar à perfeição com a qual fomos criados por Deus, é voltar a imagem de Deus. Este é o propósito último de nossa redenção. Esta perfeição da imagem será o auge, a consumação do plano redentor de Deus para o seu povo. E isto só é possível em Cristo.
Para tanto, devemos acreditar na volta do nosso Senhor Jesus Cristo: no arrebatamento da Igreja e na ressurreição dos mortos. Ver o tratado que o apóstolo Paulo escreveu sobre a ressurreição em I Coríntios 15 e em Tessalonicenses 4: 13-17. Assim, não nos esqueçamos da exortação do apóstolo João.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.” (1ª João 3: 2-3)
Conclusão
A igreja reflete a imagem de Cristo na terra, fazendo a diferença neste mundo, por meio de uma vida de santidade, e anunciando as verdades do evangelho. Também, revela o propósito de Deus ao homem, através da adoração ao seu Criador.
Por isto, a igreja tem o sentimento que teve Cristo Jesus (Filipenses 2:5-10), tem os fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:23), pois tem a natureza de Deus habitando em sua vida, seus corpos, consagrados a Ele.
Referências:
http//:bíbliaongraceonline.com

WWW.wikipédia.com


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